ANTROPOGENIA FUNÉREA.

ANTROPOGENIA FUNÉREA.

Açoita-me o corpo desde menino

A ciência de que irei virar pó

Essa disritmia entre tino e desatino

Faz na minha cabeça um forró,...

E se aperrou no meu cérebro doente

Desde os píncaros de uma educação

Hereditária, desensinada, incoerente

Envelhecida e cômoda na religião.

Dono dessa biológica engrenagem

De vísceras que morrem dentro de mim

Vejo esse samsara uma hofmânnica viagem

Para eu, que não sou irmão de Caim,...

Àqueles que ouvem a paian dos márcios

Filhos de arimã! Não tenho esses vícios

Meu coração, neurônios,... Enfim a matéria

São órgãos patenteados na antropogenia funérea

Conjunto tosco é minha vil estrutura

E tudo isso, ufanamente, é destinado à sepultura.

Exótica espécie não genetlíaca dos céus

A terra é seu dólmen, seu templo de réus!

Em celeuma com o herege e o genesíaco

Recorro à ontologia do meu analfabetismo

Para não ter um ataque cérebro-cardíaco

Ao ver o êxodo da inteligência mutuada por fanatismo.

Ante a tantos abrolhos, o hibernar da semelhança

Sou pária, merenda da saudade dessa herança

Mas não sou cria de conceitos fortes como um iceberg

Que o tempo e a maré,... Sempre a de derrubar tudo que se ergue.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 09/12/2014
Código do texto: T5063604
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.