ANTROPOGENIA FUNÉREA.
ANTROPOGENIA FUNÉREA.
Açoita-me o corpo desde menino
A ciência de que irei virar pó
Essa disritmia entre tino e desatino
Faz na minha cabeça um forró,...
E se aperrou no meu cérebro doente
Desde os píncaros de uma educação
Hereditária, desensinada, incoerente
Envelhecida e cômoda na religião.
Dono dessa biológica engrenagem
De vísceras que morrem dentro de mim
Vejo esse samsara uma hofmânnica viagem
Para eu, que não sou irmão de Caim,...
Àqueles que ouvem a paian dos márcios
Filhos de arimã! Não tenho esses vícios
Meu coração, neurônios,... Enfim a matéria
São órgãos patenteados na antropogenia funérea
Conjunto tosco é minha vil estrutura
E tudo isso, ufanamente, é destinado à sepultura.
Exótica espécie não genetlíaca dos céus
A terra é seu dólmen, seu templo de réus!
Em celeuma com o herege e o genesíaco
Recorro à ontologia do meu analfabetismo
Para não ter um ataque cérebro-cardíaco
Ao ver o êxodo da inteligência mutuada por fanatismo.
Ante a tantos abrolhos, o hibernar da semelhança
Sou pária, merenda da saudade dessa herança
Mas não sou cria de conceitos fortes como um iceberg
Que o tempo e a maré,... Sempre a de derrubar tudo que se ergue.
CHICO DE ARRUDA.