Insônia
Das cinzas negras que sobraram
Do fogo de olhares insanos,
Piscam dois olhos atentos,
Vislumbrando sombrios horizontes...
Dentro dos peitos, martelos;
Fora, obrigações sem sentido.
Ninguém prestou atenção
Num bicho de sete cabaças
Que come a única que a mula não tem;
Outro, meio lobo e meio homem,
Devora sem cessar, a carne febril
Das meninas em ruas malditas.
Enquanto isso, não muito longe dali,
Ignorantes se acotovelam,
Buscando um cacique para a tribo
Perdida em músicas secas;
Fazem “amor” sobre as tumbas
De mães que morrem de medo.
As crianças, não veem a hora
De entrarem na dança...
Enquanto velamos sua inocência
Que há muito, muito se foi...