Ser múltiplo

Creio-me cego de tanto ver,

Creio-me surdo de tanto ruido,

Creio-me insensível de tanto haver para sentir.

Como quero ser e ter um simples "eu".

Ser apenas natureza, como águas pela correnteza,

Sem pensar na vida e nas tristezas.

Mas entro pela casa de cada sentir alheio,

Num estudo que não posso evitar.

E em mim? E em mim?? Que sei de mim?

Sei apenas fingir que sou, fingir que sei.

Há uma legião de almas afins, retidas em mim.

Isto infingi-me ser poeta, para dizer do "eu que não sou.

Há uma obsessão mútua e anárquica de romper imposições.

De não ser apenas eu, perdi-me na lama do mundo.

Entre o sol e as dores crônicas do existir, sou quem? Sou o que?

Cesar Sema Pensamento

Cesar Machado Sema
Enviado por Cesar Machado Sema em 12/10/2014
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