ÚLTIMO ATO
Esqueço que sou alguém
Nem importa mais quem sou como pessoa
Não sei se fui feita por alguém
Consegui me dissolver e esquecer o que sou
Ainda não morri por causa do meu instinto de sobrevivência
Mas sei que a morte me cairia bem...
Sinto que minhas alternativas são parcas
E só me resta o cano do revólver
E o pé da cruz
Vou encenar o último ato e
Enlouquecer quem o assistir
Esqueço que sou alguém
Não importo mais quem sou como pessoa
Nem sei se fui feita por alguém
Consegui me dissolver e esquecer o que sou
Meu tempo não segue um fluxo contínuo
Não mais enxergo as coisas como as outras pessoas vêem
Verdades enlouquecedoras me desnudam
Mistérios profundos e escuros se apresentam
Coisas que me fazem esquecer que sou alguém
Esqueci a ternura das pétalas fúlvias
Da liberdade das borboletas
Da cândida e tenra luz da manhã
Vejo apenas o breu absoluto
O abismo que me chama
A morte que me sorri
Vou sorver o doce e suave veneno
A passos largos e braços abertos
Voar para a morte que me cai bem
Para esquecer de vez que sou alguém.