Antro de Insolação
Dos primórdios entre um explodir e outro
as mucosas vêm fazendo sua parte
no agasalhar e distribuir fumaças.
Faz das rosas leitosas violeta escura
liberta dentro da escuridão fria,
vem do sol enquanto vida na floresta
vai como se não morresse
a fonte de esplendor a suprir o cosmos.
A resposta é incessante arbitrária
conservadora de movimentos ilusórios,
por isso miremo-nos nos voadores
que vêm à terra para polinizar
mas sobretudo por prazer primitivo
amar é abrir espaços protegido.
Amar é desapegar e é seu apego
sofrer é aceitar sem sua dureza
persistir é agradar embora sua fraqueza
encarnar é ser por sua grandeza
apaixonar é libertar o ego casto
sentir é preservar a arte de amar.
Interiorizou-se toda noção familiar
aconchegando o doce pó da pira
fruto do amadurecimento eterno dos caracteres
transcendentais irradiando algo mais
santo a arder nas paredes de solidão,
sem chão esperando descer do céu
quem sabe um pouco de alento,
se o mal não voltou desse tempo
o sabor há de vencer no final.
Queimados, 2014