Fécula dos escrutínios

Vivo como um pássaro que cai dez vezes até voar

Como uma planta que luta nesse interin

Por uma misera fotossíntese

Pérola cativa das mil tampas sociais

Leão que não quer briga, mas enfrenta cem rivais.

Eu vivo com esses olhos que os da beleza não vê

Sob a lei dos monturos com o cerume a lhe escorrer

Refém das propagandas que chacota os conspirados

Inserido obrigado entre os equivocados

Eu vivo procurando o que eu sei que não está

Enquanto me convenço que um jeito eu tenho que dar

Traído pelas crenças, desavenças inesperadas

Com a sensibilidade sempre inapropriada

Vivo modificado, adaptado, tão viciado...

Que minha identidade ondas-curtas murcha a um brado

Desenvolvi mil maneiras todas insuficientes

Quem sabe eu inspirei ao “cala a boca inocente”!

Não quero o que não gosto como qualquer limitado

Que pensa que aprendeu não gostar por ser errado

Eu sou um brasileiro que vai votar para escolher

E vou fazer de conta que é assim que tem que ser