AMÉM
Na penumbra de uma figura geométrica, narro com saudosismo o antagonista do vir a ser.
Entorpecido pelo cálice da vida, me embriago nos momentos pueris de um organismo hoje repleto de cicatrizes.
Sinto um cheiro fétido que penetra na essência e apodrece toda carne ainda não degradada.
Na perturbação de um delírio real, afogo-me no desconhecido eu.
No mimetismo do feliz e do mercenário sorrir, entrego-me ao meu abominável repúdio para com a imagem e semelhança.
Terra de víboras que se alegram ao som do choro do açoite, legiões que sussurram em meu repouso toda a noite.
Proteja-me Senhor em teu manto sagrado, para que não me junte ao filho rebelado.
Pois mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita, mas nada me atingirá.