Relações Infectas
Nada de surpresas visitas inesperadas,
Nada de ridículas festas de aniversário,
Nada de hipócritas quadras natalícias,
Nada de descasamentos juramentados,
Nada de baptizados molhados,
Nada de tribunais equivocados,
Nada de finanças creditícias,
Nada de compras ansiosas,
Nada de férias sem ida,
Nada de viagens à volta,
Nada de ocas avarias,
Nada de velhas senis,
Nada de jovens sonhadores,
Nada de feias meretrizes,
Nada de enfados,
Nada de nada,
Quero ser apenas eu deitado numa cama vazia,
Deleitar-me na escuridão evasiva do meu quarto de partir,
E ter um visionamento, o meu, unidimensional do mundo.
Com despeito a inter-relações sociais, deixai-me desafogado,
Libertai-me das vossas dúvidas indefesas que são minhas,
Poupem-me aos lisonjeiros ardis difamatórios gratuitos,
Que invadiram difusas as nossas vidas sucintamente incongruentes.
Eu quero apenas ser só simplesmente a minha única amante,
Embebedar-me de mim em rodos caindo extenuado de tédio,
O dilúvio da subserviência afectiva que me contagiou de escárnio,
Submergiu no sol poente da minha intolerância prolixa recidiva.
A cura da insatisfação que me finta é o placebo do amor perdido,
As longas noites forradas de opaca e opulente transmigração utópica,
A chuva fina cristalina que paira sobre mim deitado, frio e hirto…
O fim aproxima-se pronto, a passos largos e irrevogavelmente,
Virá afogar de vez qualquer ânsia ainda remanescente,
Serei vingado fluindo serenamente em eterna paz.
Lx, 11-9-2013