Complexo de vira-latas
Sou alguém indefinido
Segundo quase sempre exijo
Nas visões que tenho tido
De quantos “eus” já tenha sido
Pouco esperto enquanto pobre
Embora decerto me cobre
Teto, afetos que me sobrem
Destarte o pouco sofrido
Sou como a arte que crio
Sem muita classe nem brio
Esforço que desconfio
Ser vão se não prestigio
Sou perdido como tantos
Ou muito mais, nem sei o quanto
Tanto que eu mesmo me espanto
Basta das letras um recanto
Sem estilo regra ou lei
Que me enquadre plebe ou rei
Dentre os que considerei
Que ignoro ou me encanto
Vida e verso é julgamento
Como a direção do vento
Por mais que se passe o tempo
Vivo à margem, entendo lento...