::: EPÍTETO DE MINHA LAJE TUMULAR: EIS O POETA... :::
Vai afastando os espaços
A tal ponto que somente o espaço exista.
Comprima os pensamentos
Até que pensar não precisa.
Aperta os olhos enquanto observa o sol,
Tateie paulatinamente as imensidões do vento
E deguste a imprecisão do tempo.
Abra no peito, no estômago e na alma:
Borboletas, flores e quimeras.
Assopra no sentido contrário a ti tudo que és.
Vai rasgando, com cortes pequenos, seu ser
Em submissões cruéis que te transformam
Naquilo que simplesmente precisas ser.
Observa-te atentamente no espelho
E perceba tua semelhança a todos nós.
Nossa igualdade se comprime em nossas diferenças
E nossos caixões de ouro, prata ou bronze,
No fim, fazem a mesma coisa.
Sim, a morte é a única personalidade digna de menção honrosa,
Pois é ela, e não as nossas particularidades, que nos define,
Porque, a bem da verdade, é a morte,
Que na existência tão efêmera,
Nos comprime
E não o nosso querer irresoluto.
Tarde, noite e canções saudosas.
Tudo é poema.
Tudo é dilema.
Sua personalidade é definida pela morte,
Por mais que negue...
Tens duas opções:
Ou tolamente dela foge ou tolamente nela morre!
Alguns da morte fazem drama, eu dela faço é poesia!
No fim a morte me definiu poeta e não a vida...
E tu? Como ela te definiu?
Ygor Pierry P. Ditão
SP - 18/07/2014.