A dor de um pé de alface

Naquele canteiro molhado, cresci

fui tratado com carinho, e nem sabia por quê,

quando fui ficando adulto

já me olhavam diferente,

levaram meus irmãos mais belos

e deram-me vitamina

eu ali, me achando “o tocha”

sem saber que mais tarde

seria arrancado do ventre

da minha mãe terra,

ainda levei comigo

entre minhas raízes

um pouco de lembrança

que logo fora tirada

numa torneira gigante

e depois virei salada

para uns vegetarianos

minha dor maior...

nem vinho me acompanhou

na minha última morada!

Izabel Teixeira Poeta
Enviado por Izabel Teixeira Poeta em 14/07/2014
Código do texto: T4882136
Classificação de conteúdo: seguro