Poema do caos.
Recriar o caos é olhar para o próprio umbigo,
Molhar os olhos na saliva dos gritos desesperados,
Alimentar o verme da maçã proibida com o perdão.
Retalhar miúdos à golpes de travesseiros,
Enlatar mais um pescado do mar furioso.
Incendiar colchões em tempos de paz,
Proclamar a independência dos dementes.
Cantarolar canções de amor nas trincheiras,
Idolatrar um andarilho em sua embriaguez.
Entregar Judas aos macacos do zoológico.
Sapatear ao ritmo da selvageria humana,
Consumir as ideias da ilusão hereditária.
Enfeitar o corpo com lantejoulas de mentira,
Esboçar a intolerância que ocupa espaço demais.
Reconhecer que o elo perdido, a Esfinge, e o todo, é caos.