Fuga de Ícaro

Me pego sempre desfrutando mui feliz,

ventura que se esqueceu de acontecer;

incisão nem feriu mas, exibo a cicatriz,

no troféu da luta que ganhei ao perder;

e ando no tempo nas asas de um louco,

coladas às costas com cera de fantasia;

o sol aquece, as descola pouco a pouco,

desço e vejo imagens da aerofotografia;

aticei tua linda pele com desejos depois,

alimentei aos meus, cuidando tua fome;

num monobloco ardente feito de nós dois,

bicho é selvagem até que, o prazer dome;

após preparei material escolar e o lanche,

de um rebento lindo, que não quis nascer;

pois, em Fantasiópolis sou rei e revanche,

uma coisa banal pra quem tem todo poder;

depois da incursão na avenida da quimera,

abdiquei minha coroa e caí plebeu, na real;

virei gladiador no Coliseu, realidade é fera,

até que o novo sobrevoo amenize esse mal...