LOUCURA

Quando o pessimismo se apossa

Do corpo e da alma humana

E ao psicológico avança desenfreadamente,

As cores de rosas e brancas,

As músicas de calmas e brandas

Se transformam em distorções insanas

Que planam no ar livremente.

O olhar pelo teto se perde,

Ao longe viaja nervoso,

No chão imundo e fusco

Alegoricamente o corpo se contorce,

Blasfêmias em línguas sem vozes

Flutuam turvas sinistramente,

Ficando simbolicamente

Na memória de quem visiona tal sena

Para que sempre com medo relembre

Do episódio turvo e tosco.

Ao vê-se pela abobada pender,

O corpo estendido num abismo,

A visão de um abismo sinistro,

De queda infinita e extrema,

As lacunas se abrindo em fendas

Furiosas e insaciáveis

Querendo engolir seu cadáver,

-Antes o mais satânico e louco!

E quem poderá compreendê-lo? Só um!

Mas ninguém lhe dará ouvidos

Por ser como o último, louco,

Da terra em que todo o povo

De pensamentos densos e flutuantes

Viajam pelos mundos distantes,

E que jamais serão conhecidos.