O príncipe feio

Beijei a princesa ela virou sapo,

A cobra comeu, estava com fome;

Sou inocente, dessa culpa escapo,

Beijar uma bela é álibi de homem...

Nem careço assessoria de rábula,

Que a serpente arque essa bandida;

Vou me intrometer noutra fábula,

Tentar acordar à bela adormecida...

que acorde ante o príncipe que deseja,

Até o Shreck sucumbiu a esse apelo;

Moveu-se mesmo dormindo, ora veja,

Parece que ela viveu um pesadelo...

Errar o passo já me é vício contumaz,

A dureza dessa minha sina amarela;

Logo, errar o pulo outra vez, tanto faz

Vou em busca do sapato da Cinderela...

Não foi coisa para um breve instante,

Busquei meio reino com muito afinco;

Achei, era de cristal vívido, brilhante,

estranhei ela calçar quarenta e cinco...

buscar utopias é um doentio enleio,

não quero mais que fumaça me tisne;

chega de viver a mágoa do patinho feio,

e desprezar à glória vasta de um cisne...