MINÚCIAS DE UMA LOUCURA

Cantando frases hilárias contidas no silêncio de uma pessoa muda

Ecoava entre os cantos de sua boca entreaberta solilóquios convulsos

Confundia suas pernas entre um passo e outro

Dançando aquela que seria sua ultima e única morte

Ao consolo daqueles que ainda queriam vida refreava seu corpo

Como que atado ao chão, perpetuando lágrimas pelas esquinas.

Entre um tropeço e outro insistia em se erguer...

Como agua da fonte jorrante, estilhaçava seus lamentos.

Reclamando até dos desejos que ainda não lhe haviam passado a mente

E mentia, ah como mentia sobre seus sabores, gostos e cheiros.

E se confundia com os olhares que a fitavam entre uma apresentação e outra

Não conseguindo se decifrar, abriu mão daquela louca melodia.

E abriram seus gestos, poses e composições corporais a toda esfera comprometida.

A rigidez daquele publico que lhe assistia, com os olhares aguçados esperando.

Esperando qualquer erro que comprometesse sua nobre apresentação

Fez do sol luz para iluminar seus encantos

Mas dos prantos não mais conseguiu fugir

Tentou disfarçar seus pés descalços, embrulhados nas meias que sua bisavó tecia.

Naquelas madrugadas ainda que tardia houvesse uma esperança

E lhe fazia lembrar os olhares que desde criança passou a cultivar

Mesmo que surpresa pela tal rebeldia que ali insistia em lhe tomar

Esperou atentamente pelos aplausos que poderiam vir a lhe bradar

Pobre menina cheia de ideias ricas, não ouviu som qualquer.

E suas canções mudas, vieram ligeiramente lhe avisar.

Que também sua surdez comprometia a esperança do aplauso que demoraria a chegar.

Eder Marçal
Enviado por Eder Marçal em 27/06/2014
Código do texto: T4860241
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