MINÚCIAS DE UMA LOUCURA
Cantando frases hilárias contidas no silêncio de uma pessoa muda
Ecoava entre os cantos de sua boca entreaberta solilóquios convulsos
Confundia suas pernas entre um passo e outro
Dançando aquela que seria sua ultima e única morte
Ao consolo daqueles que ainda queriam vida refreava seu corpo
Como que atado ao chão, perpetuando lágrimas pelas esquinas.
Entre um tropeço e outro insistia em se erguer...
Como agua da fonte jorrante, estilhaçava seus lamentos.
Reclamando até dos desejos que ainda não lhe haviam passado a mente
E mentia, ah como mentia sobre seus sabores, gostos e cheiros.
E se confundia com os olhares que a fitavam entre uma apresentação e outra
Não conseguindo se decifrar, abriu mão daquela louca melodia.
E abriram seus gestos, poses e composições corporais a toda esfera comprometida.
A rigidez daquele publico que lhe assistia, com os olhares aguçados esperando.
Esperando qualquer erro que comprometesse sua nobre apresentação
Fez do sol luz para iluminar seus encantos
Mas dos prantos não mais conseguiu fugir
Tentou disfarçar seus pés descalços, embrulhados nas meias que sua bisavó tecia.
Naquelas madrugadas ainda que tardia houvesse uma esperança
E lhe fazia lembrar os olhares que desde criança passou a cultivar
Mesmo que surpresa pela tal rebeldia que ali insistia em lhe tomar
Esperou atentamente pelos aplausos que poderiam vir a lhe bradar
Pobre menina cheia de ideias ricas, não ouviu som qualquer.
E suas canções mudas, vieram ligeiramente lhe avisar.
Que também sua surdez comprometia a esperança do aplauso que demoraria a chegar.