O meio

depois do silêncio, antes da palavra;

depois do desejo, antes da satisfação;

depois de toque, antes do arrepio;

depois da atração, antes do amor;

depois da vida, antes da morte, que sorte;

depois do susto, antes do grito;

depois do olhar, antes da lágrima;

depois do beijo, antes do sexo;

depois da riso, antes da dor, que horror!

depois de deitar, antes do sonho;

depois da fome, antes da hipocrisia...

entre a calma e o perdão,

uma antiga canção

que fazíamos questão de cantar juntos

nas tardes de domingo.

o meio termo desse todo

é cheio de espaços vazios

e no vácuo o excesso de ar viciado

que ausenta minha paz.

foi depois da explosão, antes da implosão;

foi aí que vivi, foi aí que morri...