Teatro de Fantasmas

Todas as luzes estão apagadas

E a escuridão envolve as almas

Como se fosse algo físico

Tudo é confuso e ambíguo

Exceto uma única certeza sombria:

Em algum momento próximo

A cortina cairá para todos nós

As ilusões tão bem arquitetadas

Revelarão os fantasmas terríveis e mirrados

Que moviam as cordas e comandavam o show

Todas as luzes estão apagadas

E os assentos estão lotados

Enquanto a plateia aguarda ansiosa

Com seus sorrisos tenebrosamente inocentes

Que o show de horrores comece

E os atores, com suas máscaras brancas

Sentem o sangue gelar

Como se, mesmo após lerem o roteiro

Não conseguissem lidar com o pavor que está por vir

Acendam as luzes

Derrubem as cortinas

Revelem todos os segredos do Mágico

Todos sabiam que era uma farsa desde o princípio

E mesmo que o roteiro seja engolido por um final imprevisível

Os atores serão os únicos que não vão estar se divertindo

Soem os tambores

Lancem todos os efeitos especiais

Enfeitem os horrores com todo o brilho que tiverem

O tempo das risadas acabou

O tempo dos ensaios acabou

A plateia tira as máscaras

E são todos fantasmas mirrados também

O roteiro era falso, mas é tarde demais

E os atores?

Os atores, após saborearem a doçura da ilusão

Sucumbirão nas trevas

Para deleite dos fantasmas

Que moviam as cordas e comandavam o show

Desde o princípio