E ENTÃO

E ENTÃO

Pernas e pés

Transformaram-se em rodas

De borracha

Sem asas

Pusemo-nos a voar

Sentados em cilindros

Mãos e braços

Que eram apertos e abraços

Puseram-se a teclar

Olhos

De horizonte limitado

Enxergam agora além do horizonte

Ouvidos

São móveis

Em audições infindáveis

Bocas

Falam mais que a própria boca

Numa Babel incontrolável

Narizes

Cheiram de tudo

E não crescem mais com mentiras

Corações

Batem mais acelerados

São celerados

Cérebros

Pensam que pensam

E se ausentam

Tempo

Não é mais tempo

É sempre menos

Vida

É mais tempo

Sempre mais

E então

Ser ou não ser

Não é mais questão

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 22/03/2014
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