E ENTÃO
E ENTÃO
Pernas e pés
Transformaram-se em rodas
De borracha
Sem asas
Pusemo-nos a voar
Sentados em cilindros
Mãos e braços
Que eram apertos e abraços
Puseram-se a teclar
Olhos
De horizonte limitado
Enxergam agora além do horizonte
Ouvidos
São móveis
Em audições infindáveis
Bocas
Falam mais que a própria boca
Numa Babel incontrolável
Narizes
Cheiram de tudo
E não crescem mais com mentiras
Corações
Batem mais acelerados
São celerados
Cérebros
Pensam que pensam
E se ausentam
Tempo
Não é mais tempo
É sempre menos
Vida
É mais tempo
Sempre mais
E então
Ser ou não ser
Não é mais questão