DUNAS
Quando regressei
vi uma duna de areia
soprar contra os olhos vermelhos
na serenidade do vento a poeira.
A garganta seca no gole de saliva
uma miragem à mira
me levou para longe
e caí em minha própria armadilha.
Tudo se fez deserto
de certo, eu nada reconhecia
nem sabia que antes das dunas
um oceano ali existia.
Caminhei rumo à morte
que me acompanhava em todo o trajeto
eu ia me afogando na areia
como uma teia que prende o inseto.
Passaram outrora por aqui
vinham buscar a mim
mas eu estava debaixo da terra
coberta pelas restas de uma tempestade sem fim.