Incubadora
Preciso que saia de dentro de mim
Todo esse pouco que me é muito
Uma abóbora gigante engoliu minha cabeça
Vejo tudo agora no tom alaranjado, que é o meu interno
Quando fecho os olhos, fica tudo vermelho, e choro.
Avermelho a lágrima, que é o mais próximo que tenho conseguido chegar
quando do desejo de que saia de dentro de mim
É muito
Muito pouco o que escapa daqui
Devaneios acorrentados.
Prestam socorro à loucura desacompanhada.
Preciso de algo finito. Definitivamente!
Alguns 200ml de jarro firme o bastante
Que sustente porção do que não me deixa fechar os olhos
sem que avermelhem-se todos os sois, o luar.
Sinto o perfume levemente agradável da abóbora madura.
Mas que se corre o tempo. E como ele corre.
O que será da minha cabeça?
Pensamentos apodrecendo junto à polpa da abóbora.
Sinto sempre uma pressão.
Não é da minha cabeça querendo explodir
É a abóbora que me quer por interira
Incubada no laranja que passou
Agora do maduro ao atraso
Para o vermelho que ficou.