Serial killer
Eu já matei muito mais que o Holocausto,
Gerei lágrimas que daria um oceano;
Dei toques vários ao discurso de Fausto,
Misturei-me aos bons desejando feliz ano...
Desfilo quase sempre com roupa alheia,
Meu modelito próprio cairia muito mal;
Ensinei aos aracnídeos a arte da teia,
E como temperar discursos sem sal...
Mantive incólume o sono dos amantes,
Pois se acordassem seria um susto;
Cada dia fico mais pujante que antes,
Quem ousa me enfrentar o faz a custo...
Eu que formei ao advogado do diabo,
fazendo dele um craque na erística;
relê todos os fatos, cabo a rabo,
seduzindo ao júri com infame mística...
Também engendrei pesadelos vários,
Acenando um temporal na bonança;
Meus caninos sorvem a jugular de otários,
Até espertos acabam entrando na dança...
Meu mosaico enfeita até mesmo igrejas,
Que deveria temer e me sinto em casa;
quando me servem em áurea bandeja,
minha vaidade aquece sua ardente brasa...
me apresento enfim, antes que a crítica,
venha achar desafinada a minha lira;
sou a essência da campanha política,
a quem interessar, prazer! Sou a mentira.