Isolado Na Paraíba

Se eu fosse um barquinho

Navegava de mansinho

Aprendendo a lição direitinho

Ensinava a nadar os peixinhos

Mas não sou um navio

Minha maré só resta um vazio

Na imensidão do mar cheio de calafrio

Oceanos mudam meu perfil

Torno-me agressivo e selvagem

A brisa do mar não me dá margem

Se errar é humano então sou um idiota

Sem ser respeitado comendo o pão do Diabo na horta

Nesta plantação próxima as águas

Guardo sementes de um pé de mágoa

Sinto-me com frio por dentro de uma mente esclerosada

Veias estouradas deixam minha pele mau torneada

As córneas pulam fora no abismo

Afogado pela solidão fujo do perigo

As forças vão me cercando sem abrigo

A paz do meu intelectual eu preciso

Acredite no rosnar da vida

Trovões e tempestades soam avisos

Estranhamente seco minha respiração sem saída

Suicidar-se ainda é algo que fico indeciso

Droga de poema sem graça

Esdrúxulo como o autor sem raça

Vencido pelo forte medicamento

Lutar contra um toque de classe é um sofrimento

Poderia sair catando estrelas no Rio Guaíba

Ou vendo caravelas flutuarem na ida

O por do sol avisa a gaivota que ela é incherida

Ao menos me escutaste isolado na Paraíba

Helládio Holanda
Enviado por Helládio Holanda em 21/02/2014
Código do texto: T4700974
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