Isolado Na Paraíba
Se eu fosse um barquinho
Navegava de mansinho
Aprendendo a lição direitinho
Ensinava a nadar os peixinhos
Mas não sou um navio
Minha maré só resta um vazio
Na imensidão do mar cheio de calafrio
Oceanos mudam meu perfil
Torno-me agressivo e selvagem
A brisa do mar não me dá margem
Se errar é humano então sou um idiota
Sem ser respeitado comendo o pão do Diabo na horta
Nesta plantação próxima as águas
Guardo sementes de um pé de mágoa
Sinto-me com frio por dentro de uma mente esclerosada
Veias estouradas deixam minha pele mau torneada
As córneas pulam fora no abismo
Afogado pela solidão fujo do perigo
As forças vão me cercando sem abrigo
A paz do meu intelectual eu preciso
Acredite no rosnar da vida
Trovões e tempestades soam avisos
Estranhamente seco minha respiração sem saída
Suicidar-se ainda é algo que fico indeciso
Droga de poema sem graça
Esdrúxulo como o autor sem raça
Vencido pelo forte medicamento
Lutar contra um toque de classe é um sofrimento
Poderia sair catando estrelas no Rio Guaíba
Ou vendo caravelas flutuarem na ida
O por do sol avisa a gaivota que ela é incherida
Ao menos me escutaste isolado na Paraíba