Desarr anjos

Nem sempre a faina me é serena,

mesmo sendo pesada me arranjo;

no campo palpável cuido do tema,

acho que tenho um quê com anjos;

O anjo que preside meus sonhos,

puxa o saco pintando só ao belo;

realidade é anjo caído, demônio,

e puxa o tapete deixa no chinelo;

Com certas senhas às vezes cismo,

superfície oculta, à veia profunda;

anjo caído é um mero eufemismo,

na real, ele levou um pé na bunda;

A realidade tem sua bunda difusa,

grande a chance, de se errar o pé;

caçar a Hydra em vez da Medusa,

acertar na ilusão errando o que é;

E nessa brincadeira de cabra cega,

apalpo, escuto debaixo da venda;

quiçá na lenha úmida ainda pega,

a chama adormecida e reacenda;

Então, desdita entrará pelo cano,

seus muros quedarão ineficazes;

o perdão é belo, entre humanos,

quiçá, até os anjos façam as pazes...