MEDO
Aparece pela noite,
entre flores e açoites,
vai se embora quando quer,
mexe até com a fé,
pernas tremulas,
coração a disparar,
mãos suadas a molhar,
respiração extensa,
não se sabe o inicio,
não se sabe se acaba,
todos fogem às pressas,
na esquina ou debaixo do colchão,
espera sempre no escuro.
Entra ano, sai ano,
sempre volta maior,
entre faces e sacrifícios,
reaparece em imagens,
entre fatos e fotos,
troca de nomes e tamanho,
sacode beiras e bases,
faz o homem repensar,
tão forte és como deixa,
aumenta de tamanho sem pressa.
Resposta de luta ou fuga,
estimulo atendido,
faz parte do sistema,
faz parte da alma,
à frente há outro caminho,
calma!
agora é a hora,
enfrente!
quem dera soubesse o segredo,
não teria tantas surpresas,
tudo é possível ao que cria,
enxerga o que não existe,
mente sã purificada,
acometida também estás,
nasce e vai sem avisar,
não se sabe quem cria,
privilegio de quem vive,
tormentos de quem aceita,
sentimento derradeiro,
faz o homem se desenganar,
abstrato imponente,
tão potente a prostrar,
imagem própria o assusta,
passado te procura.