Ecdise

Somos como as cigarras

Temos temperamentos temporais

Contemos períodos diferentes de amadurecimento

Saímos do chão melados de sangue e terra

E começamos nosso canto ensurdecedor

Surdeando uns aos outros com cantos irreverentes

Ai, os ouvidos alheios! Ai meus ouvidos!

Alimentamo-nos da seiva de raízes.

Mas onde encontramos as verdadeiras raízes

Que nos proporcionam seivas?

Cavamos túneis, subimos em árvores

Mas não descobrimos

Apenas acobertamos nossos cérebros inventados

Nosso alfabeto de poucas letras

Do que adianta cantarmos no outono primavera e verão

Se o inverno nos congela

Pra quê um som tão estridente?

Somos cigarras civilizadas metamorfoseando o verde saber

Pra onde iremos?

Quando abandonarmos nosso exoesqueleto?

Pós-ecdise, Reencarnação, Pró-ecdise:

Por aí dizem um céu nos espera !