AVENIDA DOS SERES
Continuam a saltitar,
peregrinam a bravejar,
pensar e cogitar,
faz parte da sobrevivência,
procuram aquela inocência,
redentora essência,
à meia idade da convivência,
na cidade faz a diferença,
pela avenida classificatória,
pulam, louvam, desesperam,
dançam sem saber o rumo,
sem saber para onde se vai,
de onde veio ou quem é,
o vento não fala, leva,
corpo sedento de alma lavada,
perde-se porque queres,
sonhos te faz toda noite,
salvarás quando acordar,
olha o sol que aquece a pele,
já é manhã que não vistes,
embora outros mudem sem precedentes,
uns aindam prosseguem brilhantes.
Seres de outra espécie,
seres de olhos e sangue,
esperamos que sejem daqui,
tenham coração e força nos braços,
pela avenida ainda questionam,
olham pro lado à procura,
muitos perguntam teu nome,
são mais que amigos,
a tempos andam de mãos dadas,
com paixões atrapalhadas,
sem explicações descentes,
prosseguem, desmentem,
mostram à frente o que é natureza,
ser humano e sua destreza.
Ser belo, ser mutável,
tuas entranhas são desconhecidas,
passa vento e leva rápido,
pedaços de carne que não vivem,
talvez apareçam pela noite,
perdoados do pé à cabeça,
a sentir o que satisfaz,
suas beiras impermeáveis,
pela avenida serão curados,
encontrados continuam.