Fio Terra

Dois mortos com nomes idênticos

Jazem deitados em tumbas diversas;

Me afasto com elegância tácita

Para não escutar as suas conversas;

Até que o zelador do campo solícito,

Desvia minha atenção, enfim, dessas,

Presta contas em reverência implícita,

De almas que foram em tapetes persas...

Nomes, estrelas e cruzes múltiplas,

epitáfios encomiosos frases expressas;

grudados nas dermes das lápides,

ilusórios elos onde o contato cessa...

lágrimas regando flores de plástico,

como se não houvesse mais que essas,

os cafonas, enfim, em trajes clássicos,

convidam os vermes pra uma festa...

só louco criticaria algo tão tétrico,

eis-me aplaudindo tudo, ó messa!

E doido excitado queda meio elétrico,

Mas aqui, o “fio terra” protege a peça...