P E S A D E L O . . .
ah, que se esse
frio aço perfurasse e
transpusesse minha tola
e agressiva consciência...
e dela, sem dó, fizesse
um retalho atro de alma
que alvejada ser pudesse,
e só após e apenas
devolvida bela e branca,
tal como deve ter sido
afinal e aliás criada...
mas que alma pura
transgride em belas mentiras?
que alma boa se embriga
de doces e consoladores sofismas?
que alma se despedaça
em dores de cismas?
e qual delas beija
o solo lamacento,
que nem sente?
alma é peça medonha
e insensível,
ente abjeto e invisível,
que nos toma
e nos assina;
mas é a consciência,
essa matéria perecível,
que cria a visão incrível...
de um corpo
e da louca inconseqüência
de fazer manipular
sua mão assassina!
olho minha figura no espelho
me vejo triste e velho,
mas estico os braços
e não vejo sangue
escorrendo nas mãos...
acordo, então,
assustado e perdido,
sentado na cama,
em meio à uma
terrível tempestade!
(Tadeu Paulo - 2007)