DA JANELA À QUEBRADA
É noite
Duas gaivotas errantes
atravessaram o céu em rasantes
quando eu observava da janela
Duas gaivotas brancas
desgarradas de outras tantas
absortas em seu voo
Esqueço...
Esqueço e me volto para minha fumaça
e o interior do meu quarto calado
e o roto lençol mal dobrado
na sordidez de uma noite da qual ninguém se lembrará
Esqueço...
Maconha, solidão, madrugada, poesia
Tudo se foi
restam-me todas as possibilidades da existência
Todos os caminhos plúmbeos destes arredores
ou todos os mágicos caminhos do mundo todo
mas, chame como quiser
Não me importo
com suas concepções vacilantes
Resolvi, peguei meu amor pela mão e fomos embora
partimos assim, de repente pelo mundo afora
até onde não tivéssemos que suportar o ciclo
trabalho-produção-consumo
trabalho-produção-consumo
trabalho-produção-consumo
O vento rasteiro, esporádico na madrugada
me fez esquecer que milhões de pessoas
têm suas mentes aprisionadas,
suas opiniões direcionadas,
suas maneiras de ver deturpadas,
portanto; todas as suas ideias conspurcadas
Não me restava mais nada,
então maluco,
fumei um baseado na quebrada
Morpheus