Lisboa nua.

Putas de uma triste memória.

Muitos Anos a trás, no Natal,

Lá por casa fez temporal,

A consoada finda,

Família desavinda,

Bato a porta, salto o portão,

Peito vazio, fujo sem fé...

Só o cigarro preenche a vazão.

Quem pensa não é quem é...

Muitos Anos a trás, é Natal,

No Bairro Alto, baixo astral,

Bares fechados, rua deserta

Tenho um'alma p'ra oferta.

Largo Camões, olho o poeta,

Lisboa... Rainha do planeta,

Gente... finalmente! Cais-do-Sodré,

Putas!... também são gente não é?

Muitos Anos a trás, foi Natal,

Paguei uma conversa banal...

Subi ào Chiado, Brasileira.

O bronze do Pessoa na cadeira!

Fiz-me de conta ser alguém,

Fitei-o sentado e perguntei:

Diz-me lá! Aquilo que não sei...

Se fingir não é sentir também?...

Nota de autor: A Brasileira é uma pastelaria muito importante em Lisboa na zona do Chiado onde na esplanada se encontra uma estátua em bronze de Fernando Pessoa sentado numa cadeira e mesa em bronze também (Pessoa era cliente assíduo dessa pastelaria).

Carlos de Carvalho ^ Pink
Enviado por Carlos de Carvalho ^ Pink em 29/12/2013
Reeditado em 02/01/2014
Código do texto: T4628943
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