SOLILÓQUIO.

SOLILÓQUIO.

O céu ronca acordado, seus sons de pavor

A eletricidade rasga-o aplaudindo com brilho

Seus matizes de azul e branco agora são negros

Verte-se em choros oprimidos e instantâneos

Estradas d’água lavam e levam-nos sem tirar nem pôr

Nossa irrealidade acendeu esse rastilho

Transformou-nos em insignes ônagros

E as leis selváticas ruíam-nos extemporâneos.

Meu muro foi ao chão, úmido e fraco

Como a aguadilha de ignorância de quem fez-lo

O cão vizinho e amigo, solta seu ladrido de adeus

Seguro as velas e a lanterna aguardando a escuridão

A brisa perfuma o tempo e ata-nos nesse buraco

Esse clima inflama mais o nosso desmazelo

Onde a pocilga de humanos clama ao seu deus

E pede ingrato, piedade por sua inaptidão.

Janto meus restos de miséria no prato da vergonha

Como meus irmãos e me junto ao clã dos amaldiçoados

Num dos meus sobrenomes carrego minhas desgraças

Exilei-me da hereditariedade com prazer e carinho

Fiz-me um solitário transeunte da minha peçonha

Fui-me a todos os tártaros, e vi os embustes vitimados

Toda essa vida é uma fraude! Vivemos nessas trapaças

No jogo que mais enriquece o bem mesquinho,...

E com a calúnia de termos a majestade do universo

Donde a calamidade da sem-vergonhice prepondera

E voa de geração em geração na ampulheta do holocausto.

Meus solilóquios despertam-me da insanidade

E no subúrbio da mente, com trêmulas mãos, converso

Oh! Vis dez ossos desse esqueleto que me sidera

Porque escreves versos insolentes? – Sou cria do poeta infausto

E cadáver que sou,... Risco folhas, com sua perversidade.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 30/11/2013
Código do texto: T4593666
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