SÁTIRA BOCAGIANA
Ou “Bocage republicano”
Junto ao palácio real
De Queluz, nas cercanias,
Foi visto ao natural
O poeta das bizarrias.
Apanhado sem decoro,
No meio de tanta gente,
Foi preso com desaforo
P´ los guardas do Intendente.
“Eu, Bocage, me confesso
Esta ideia é muito minha
Mas, já agora, só vos peço
O peidar-me pra a Rainha.
Se dizeis que é coisa feia
E até grande baixeza
Pois é essa a minha ideia:
Cagar-me pra realeza.”
“Ai, poeta, estás bem tramado,
Por seres tão desordeiro
Vais de cana e algemado
Pra dentro do limoeiro.”
“Se em prisão eu tiver voz
Para lá daquela porta
Fico cagando pra vós
Pois é isso o que m´ importa!”
Frassino Machado
In LIRA BEM TEMPERADA