ABRIGASTE-ME NOS TEUS BRAÇOS

Mulher, toma-me agora em teu braços,

Cola a tua boca na minha como uma só,

Antes que a candura se transforme em o ódio;

Antes que a morte nos afogue em sangue,

Sufocando a nossa respiração,

Cadenciando a nossa agonia

Neste tempo de fome de amar;

Neste tempo sem futuro, sem nada...

Nossos corpos se conhecendo,

Numa lentidão sem presa de termino,

Onde nós descobríamos a vida...

As tuas unhas cravadas em minha costa!

Antes de morrer, grito o teu nome,

Em palavras desconectas e encantadas,

Digo para mim mesmo o quanto te amo_

Do teu lado conheci a delicadeza.

Mulher, toma-me agora em teus braços,

Enquanto ainda estamos juntos,

Nesta lúcida presença de passado,

Em que as horas nos trazem uma fé,

Essa de existirmos um para o outro,

Colhe, ó meu amor, o que resta de mim...

Essas insônias ressuscitadas no choro

Que agora se entrelaçam em meu peito,

Como uma canção que assombra

A felicidade de quem se perde no caminho.

Desde sempre estivestes em mim;

Desde sempre te procurei;

Desde sempre habitastes o meu mundo;

Desde sempre te descobri...

Que boca agora hei de beijar?

Que rosto agora hei de contemplar?

Quanto tempo eu ainda tenho para respirar?

Morremos uma só vez...

Atravessaremos juntos

A espiral estendida do silêncio,

Esse vão de patamar no tempo,

Vertente que nasce...

Jairoberto Costa
Enviado por Jairoberto Costa em 18/11/2013
Código do texto: T4576433
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