O ciclone da vida
A semana passava
Sobre a minha cabeça,
Rápida como ciclone;
Depois de sete dias voltava.
Eu já tinha outra cara.
Ela também já era outra.
Sem que eu notasse,
Ela ia e vinha eternamente,
Trazendo, silente e sem pressa,
Uma praga que me mordia.
Um feitiço que não existia,
Mas passava todos os dias.
Descobri que era sozinho,
Que nem o vento ao relento...
Que eu já nascera rebento
Que seria um dia arrebentado.
Das coisas que fui feito
Sobraria apenas o pensamento.
Todas as noites, a tardinha,
Tinham bocas profundas
Que me tragavam a conta-gotas.
As cucas saiam dos porões
Trazendo os sacis as fadas safadas
E todos os dragões.
Do meu lado, os ventos arrotavam
Outras vidas líquidas.
Que eram iguais a minha.
Elas cresceriam para
Que as semanas insensíveis
As destruíssem sem dó.