Indo embora
Vai-se o tempo cruelmente incansável
Sonho após sonho, aurora após aurora
Rindo dos planos de Morfeu
Indo embora sem deixar alento
Trazendo o amargor ao céu da boca
Leva consigo o farfalhar das horas
No intangível perscrutar da existência.
Tempo,... tempo,... tempo,... tempo...
Não deixa ilusões quando se vai embora
Arrasta as quimeras soltas em seus ventos
Levando-as para longe como agora...
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Que faz da matéria presa e limitada?
Carne, sangue, ossos, músculos, artérias,...
Deteriora?
Que faz da (in)consciência sem limite
Ou simplória?
Ética, razão, moral, virtude...
Enlouquece? Ignora?
A solicitude da maldade impera.
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Nos palpites incitados pela esfinge
Não há fissuras que escondam seus deslizes
Sou errante do tempo na contra mão do existir
Falta-me o solo para plantar esperanças
Abortadas estão todas as sementes do porvir
A vida me cortou pela raiz
Vou apenas caminhando nessa dolorosa estrada
Na impressão de um dia ter sido feliz
E o tempo, indo-se embora
Leva consigo o farfalhar das horas...
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