Bruxuleante
A chama da vela falava com ela
As sombras na parede dançaram.
O real distorcia no escuro
E seu corpo parecia fora do mundo
Sentia-se leve, mas também tonta:
Querida, as formas que via no breu
Eram de movimentos seus. Lenta. Lentamente...
Talvez estivesse mesmo se movendo.
Só tinha certeza da bebida sobre a mesa
Da luz que, lúgubre, irradiava da chama.
Do sabor que sentia, vinho tinto.
Mas as formas, as formas que dançavam
Essas sempre mudavam, e acabaria a vela,
E as sombras, e as formas, logo iriam tragá-la.