BRINDE À LUCIDEZ
Por que foges em devaneio, mente pérfida e hostil?
E me arrebata o sono quando a noite urge em me fazer dormir?
És parte dilacerada da existência a que me puseram neste mundo
A cela mais silenciosa, dobre e pútrida desde o ventre maternal
Mas não há mágoas de ti, pois distante, és uma infante envelhecida
Então vinde, ó mente! Brindemos incautos um pacto de união perpétua
Que nos devore os medos e os vermes de um caráter deformado
E sejamos unos, diluídos no caos da libertação mais perscrutada
Deitemos à lájea entepidecida por um tempo sem gosto
Onde fantasiam-se as faces com cores de inospitalidade
E ataviam-se as madeixas com lenços de vergonha espúria
Permitamo-nos, ó mente, a incúria de não querer ser nobre
Para que fatalmente sejamos encharcados da lucidez mais pueril
Provando a pena de sermos separados de um mundo que se quis perfeito