TALVEZ

São pedaços de nuvem,
São mãos que se movem,
No meio do nada,
Pensando que são aladas,
São miríades de utopias,
Estendidas no olhar,
São dias após dias,
Nas vias interligadas,
Por misteriosos tons,
São afins, são sins, são sons,
Espalhado no ar,
São sussurros dos versos,
Destinos inversos,
Paralelas,
São erros, acertos,
São os sonetos,
De Florbela,
Ecoando no pensamento,
Tensos sentimentos,
São tantos eus dentro de mim,
Congestionado o ego,
São pontos cegos,
No reflexo do retrovisor,
São fins, são começos,
Afãs de aventura,
Sou eu que me esqueço,
Da lucidez,
Viro o mundo pelo avesso,
Me arremesso,
Com poética intrepidez,
Nos braços da loucura,
E sinto um esplendor,
Que talvez,
Nenhum normal sentiria.