Psicopatia Poética
Não sei se é um dom ou uma doença. O fato é que escrever tem me tirado boa parte do sono.
Acordo agitada no meio da noite, os pensamentos parecem disputar uma corrida insana dentro de minha mente.
E, para agravar ainda mais a situação, essa tal inspiração surge-me nos momentos mais inoportunos possíveis...
Seria possível, por exemplo, abandonar um enterro para escrever uma poesia? Ou quem sabe pedir uma pausa na transa para assim poder escrever um conto, uma música?
Acabarei louca, por assim dizer. Isto é, se já não o estou...
Parece-me uma Psicopatia. Onde ando, esse desejo insaciável de rabiscar, criar. Não meço as consequências das pausas que faço para saciar essa vontade louca de inventar palavras, frases, textos.
Acabo por assassinar algumas tarefas diárias, assaltar algumas horas do meu tempo de trabalho, suicidar a minha própria vaidade.
Nenhum psiquiatra me consideraria confiável a viver em sociedade.
No entanto, para aqueles que não me compreendem e me julgam, o ato de escrever tem sido para mim um alto refúgio, é a tangente pela qual eu escolhi fugir da sanidade incompreendida dos homens.
Escrever me aproxima de Deus, do Diabo, dos outros, de mim mesma. Faz-me ter acessos incontroláveis de riso, de choro. Cria em mim um espírito rebelde, inconformado.
Convido você a partilhar um pouco dessa psicopatia poética. Dê-se a oportunidade de descobrir um mundo completamente diferente, sob a ótica maluca dos poetas.
Vemos o mesmo mundo que os outros vêm. Mas a diferenças está no modo como o traduzimos.
Minhas palavras perdem-se no tempo, minha voz em breve calar-se-á. Mas tudo o que escrevo ficará para sempre, eternizado, como uma chaga que não cura. E assim, me farei eterna também.