DE LOUCO TODO MUNDO TEM UM POUCO!

Paro ás vezes á beira de mim próprio

e pergunto-me se sou um doido ou um

mistério muito misterioso.

“Fenando Pessoa”

A lua mingua pra se encher em plenilúnio.

O sol esquece-se de acordar depois de arder em febre.

Às vezes o trem descarrilha dos trilhos.

E o manso rio transborda em seu leito.

As palavras dançam sem métrica

E o verso é verso sem a rima...

O deserto clama pela chuva!

No jardim sem flores não valsam as borboletas.

Sem teu amor sou alma sem anima!

De loucos todos temos um pouco.

Porque eu seria diferente?

Também extravaso minha loucura.

Na obsessão por sombrinhas...

Tom sob tom combinando com a roupa

Colecionando figurinhas...

Amando-te desse jeito insanamente louco!

De louco todo mundo tem um pouco!

E desse jeito sem medida!

Saio do tom sem freio perco a compostura

Amo-te sem métrica sem rima... Tempo... Distância... Medida!

O paradoxo é quem sustenta!

Os opostos que se atraem...

Nas diferenças se completam

E a loucura entende a lucidez.

Acho que estou embriagada...

Bebi o vinho... o mosto...

O mel... O fel... O soro de tuas palavras.

Já nem sei mais quem eu sou!

A única certeza que tenho!

É que te carrego dentro de mim

Louco Amor! Em meu ser fez morada

Tu és a sombra que vejo na calçada.

Quero ser a pomba no vitral da tua igreja

A gota de chuva que escorre em tua janela

Já nem sei mais se estou acordada!

Vejo tudo e não vejo nada.

Meu coração aprisionado!

O pensamento atormentado... Alucinado!

Tua imagem tatuada no jardim da minha imaginação.

Sou um culto em tumulto!

O jasmim sorriu pra mim...

Eu choro as árvores tombadas...

Preciso beber água!

Minh’alma apressada não espera por mim.

E antes que a tinta seque na pena!

A inspiração retenha o poema

Meu verso chora como a geada

A saudade por ti deixada.

Sem Adeus! Sem despedida!

Sem data de chegada!

Apenas um aviso! Um lembrete!

Como água da chuva na calçada empoçada.