"Desorbita"
A lua, aprisionada
Gladiada atrás daquelas grades. Eu analisava ela,
Ela me olhava.
Ela toma formas como eu
A cada dia uma órbita diferente. A toda noite
A mesma noite
Sem ser a mesma.
Como quis eu ir até ela. Um passageiro à
Meia-noite, sem volta.
Um astronauta sem nave.
O Homem sem coração.
Sou um anjo sem asas
Neste céu sem cor.
Vejo o todo e não tenho
Nada. O nada que tenho me alimenta
Como o pólen às rosas, sem cheiro.
Passatempo. O tempo sem ter o tempo,
Não me vale nada.
Nada é o pouco que tenho a viver
Lá fora, com ela.
Vou correr atrás dela
Sem asas, sem órbita,
Sem nave, sem cor.
Minha luta é por ela, quero
Meu coração de novo,
Novo.
Estarei nela, mesmo atrás das grades.