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Transgressão


Nasci para andar descalça.

Meto os pés na lama
Sem hesitação,
Cubro-me das pétalas
Que das flores caem,
Orno-me das folhas
Que as árvores enjeitam,
Mato minha sede
Com a água que nasce
Das loucas enchentes,
Revolta da chuva,
Revolta dos rios.

Aparentemente,
Sigo a linha reta
Que a vida desenha,
Mas dentro de mim
A estrada não segue
Caminhos conhecidos:
Sou de poucas palavras,
Poucas perguntas,
Poucos amigos.


Prefiro o silêncio, 
E dele eu me visto,
Sou bicho das sombras,
Ando equilibrando-me
Pelo meio-fio
Só porque assim
É mais divertido,
E seu eu cair,
Não temo os abismos.

Aprendi a ser
Aquela que cai,
E sempre se ergue
Um milhão de vezes.
Não desisto nunca
De recomeçar.
De cabeça erguida
Sacudo a poeira,
Só pago o que devo
(Se acho que devo)
Choro quando quero.

É duro, é difícil,
É quase impossível
(Desista, eu te digo)
Me fazer cair,
Me manter no chão,
Calar minha voz,
E ferir a pele
Do meu coração
Que bate sozinho,
Sem necessidade
De adrenalina.


Eu pago meus micos
Sem pedir descontos,
Não tenho vergonha,
Nada me constrange,
Nada me intimida,
Nada .






 




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/09/2013
Reeditado em 15/09/2013
Código do texto: T4482429
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