CÍCLICA

Há vezes, abro-me ao sol que cirandeia pelo oceano suspenso

esquecida das noites despertas entre as nuvens estéreis

A luminescência do dia acelera o meu pensamento

que salta, saltita e orbita pela mente em euforia de cores

vibrantes sorrisos, canções e canções em ondas e ondas

“Tenho fases...”

Há vezes, fecho-me, aberta aos cíclicos pensares

segundos e segundos em variantes variáveis

sem resumos e sem cálculos; solução salobra

escorre pela face desbotada e sem ser sol

trovejo, abalando os alicerces da alma inquieta

“...como a lua.”

Reveses...E o ciclo das marés avoluma a angústia

de um vazio que nada é capaz de preencher

O sorriso salgado afasta as estrelas; sei bem

mas o céu é imenso e essas luas madrugadas

trazendo a brisa da inconstância me apavoram

“Perdição da minha vida!”

Mas há de vir um vento, um dia ou noite qualquer,

que arraste essa instabilidade a um precipício

assassinando, em mim, a inércia agigantada

diante da poeira soprada pela rua escura e fria

devoradora da calma que jamais me acariciou.

E então, eu serei minha...

CÍCLICA - Lena Ferreira - rev. set./13