ÊXTASE PARALÍTICO.
ÊXTASE PARALÍTICO
Hoje acordei sonhado no oásis dos proscritos
Na caverna da vaidade vi a imagem do sileno
Gnômico,... Ouvi os ecos da minha respiração
Suado desenhei nas pedras meus manuscritos
Da vida do canibal narcísico e seu veneno,...
O clã dos eremitas doar-nos-ia os genes da paixão
E no perfume dessas dores o círio dos penados
Em consórcio, assassinavam para sobreviver
Os deficientes, os inúteis, eram sacrificados
À deuses agronômicos e astronômicos
A morte era ansiada para o forte prevalecer
E o antes e agora têm seus males hedônicos.
O trem-bala do progresso constringe-nos crebro
E êxul é uma locomotiva que vapora sangue
Pois o humano é despreparado para usar o cérebro
É larva batráquia que vive na lama do mangue
Que teima em errar os mesmos erros pré-históricos
Que ama as prioridades de sucessos fantasmagóricos
E nessa inanidade faz-se de insonte para ser venal.
Insidioso da própria espécie é argutamente néscio
E barganha a sua existência nesse livre comércio
Na hereditariedade que herdará o espículo sifilítico
E se acomodará nas doses diárias desse fenobarbital
Para sonado os sentidos entrar num êxtase paralitico
Num mundo cevado numa balada de lágrimas hidrofóbicas.
Nossa cegueira alenta essas alegrias claustrofóbicas
Consome-nos numa falsa esperança de futuro fausto
Mas ele é tão egoísta que nos levará ao holocausto
E até a intelectualidade emergir de sua pródiga tristeza
O submundo reduzir-se-á à cria de uma nova empresa
E antes que a vida me valha por toda essa parte
Tatuarei meu corpo todo para esconder essa vil escultura
Esterilizarei meus espermatozóides de ogiva inconclusiva
Para me velar à mesa humana de ser iguaria à La carte
Evocar que no esqueleto de carnes, há sentimentos em mistura
E ele é deselegante ao convívio dessa sociedade depressiva.
CHICO DE ARRUDA.