Vossos olhos
A sintonia com a loucura embalada pelo vento feito papel picado
Um dia visitei o céu e olhei para o rosto de Deus
Sinceramente não gostei do que vi, então fui embora dali
Meu cachorro está velho, mas continua sendo meu único amigo
Preciso arrumar a cozinha, não estou com paciência hoje
Tenho andado distraído com livros de poesia
Percebendo o mundo maravilhoso desses poetas
Acho que morreria se pudesse ver com vossos olhos
Obedeço a regras e padrões rígidos de funcionamento
Deve ser por isso que não consigo mais suportá-la
Todo meu amor agora é poeira na estante de madeira
Preciso cortar o cabelo, mas ainda gosto do estilo atirado
Que infância haverá na pobreza ou na melancolia?
Hoje amante; amanhã senhora do seu triste destino.
E virão tantos cretinos que perderás a conta
Sentirás um peso arrastando teu corpo para baixo
Perceberás a ilusão do teu pensamento caótico
Restarão agulhas e caixas de remédio em cima da cama
Um frio terrível passará por tua cintura
Subindo pelas costas até chegar à altura do pescoço
O perfume das flores jogadas no chão
A memória de tudo que fizesses nesse dia
A saliva na boca e o calor no meio das pernas
Todos serão considerados agravantes para além do pecado.
O remorso lhe trará a loucura – uma espécie de sombra!
Tua mente e teu espírito seguirão caminhos opostos
Teus olhos castanhos, tua pele clara, tua boca...
Tuas mãos macias, teu cabelo liso, teu sorriso...
Arquivados no inconsciente daqueles que te conheceram
Ainda criança, ainda lúcida, ainda feliz, ainda com vida.
Aqui registro essa profecia
Cumpra-se e publique-se
Nos anais do inferno.