Pusilânime

Um pusilânime em convulsão grita dentro de mim

debatendo-se em minhas entranhas,

causando as piores sensações,

distanciando-me de paixões.

Tudo se manifesta com um temor:

a fala estremece involuntariamente,

a face manifesta um indiscreto rubor.

Esta dor me carrega nas costas há tanto,

nem sei mais onde tudo começou…

Reviro o passado incompleto, arriscando

a sorte nesta caixa proibida;

mas ainda não consegui compreender

donde vem tamanho pavor.

O medo corroi as extremidades destas mãos

inchadas pela insistência de hábitos;

meu olhar se veste de licores variados

que degusto lentamente quando este fardo vira rancor.

Essa incompreensibilidade é doentia!

Meus desejos e pensamentos emanam,

mas não há audácia que me tire

destas algemas de silêncio…

Meu cérebro busca frases,

numa tentativa vã de expressão,

mas a língua se encolhe,

recusando a exposição.

A caneta consola quando a fala me abandona,

a consciência é um golpe neste cancro que ressoa…

(Outubro de 2012)