Para você não entender

Sei que não vai me entender

Esses sentimentos loucos pintados a óleo.

Na tela do presente.

As cores berrantes incendiando a visão

E, o cheiro de pimenta no ar

Temperando um paladar ainda virgem

Sei que não vai me entender

Cada um incorpora, a seu modo,

um enigma, uma metáfora,

e uma promessa

de não se abandonar...

de não engavetar os sentimentos

Feito abortos em dia de sangria.

Na gaveta secreta do abismo

Ou no ralo óbvio da falta de tempo

Na barra de meu vestido branco

Essas pernas me atrapalham.

Aqueles saltos a desafiar uma

elegância claudicante

Um sombrio sopro de esperança

paira no fim do inverno

Amornando um coração vazio.

Sei que não vai entender.

Suas palavras doces.

Melodias impossíveis

A minha firme surdez

Errante.

Um abraço forte na despedida,

cadeado da alma perdida

Que voa correndo

Para o fundo do corpo.

Sei que não vai entender

Os mistérios,

as nuvens e nem a chuva.

Era tempo de plantio.

E não de coleita

Era tempo ido.

E, não de profecia.

Sei que todas essas palavras,

esses versos,

Sem rima, sem nexo

São rabiscos semânticos

São lágrimas não vertidas

Dores ausentes do corpo inerte.

Revelam a presença da ausência.

Ou a ausência presente do fim de tudo.

É a culpa que me dá

Por não saber explicar.

Explicar o que exatamente passou.

O que ainda há.

O apenas é lembrança

Passando na parede da memória.

É um filme nostálgico apenas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/08/2013
Reeditado em 26/08/2013
Código do texto: T4431377
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