$
Tenho guardado todo e qualquer ganho
Já que também guardo receios da falência
Obediência financeira, amigos,
Me falta obediência financeira.
Que jeito? Já que meus bolsos não são mais crianças?
São adultos, consumistas, os quatro, os dois da frente
e os dois de trás... Os quatro.
Talvez me faltem contas,
além das que já tenho por vencer
Ou falo bobagem!
Ninguém merece credores além do que é obrigado a ter.
Sou colecionador de boletos, carnês, faturas, fraturas.
Se me machuco, deixo de usar o que me oferece o sus
Pois um pouco de pus, pode ser coberto de convênio
Garanto que não me falta empenho, engenho mental
é mal de acúmulo de vontades e desejo de aniquilar capital
Quem é Marx? Que faz hoje da vida se não existir,
somente em prateleiras, bibliotecas. . .
Se viveu para lutar pelo dinheiro, seus livros hoje
somam milheiros,
Talvez pense eu também, que devo comprar
Tá aqui! Tá aqui todo dinheiro que tenho
E venho por meio deste ato violento, obsceno
descartar qualquer centavo que obtenho
de maneira limpa, sólida, clara... declarada.
Pois sabem dos meus centavos, sabem da minha vida
sabe das minhas cuecas, inventores da nota paulista
Pago-lhes um café, mantenho vossa excelência em pé
de toga, babado no manto, bobs nos cabelos
da exelentissimas primeiras, segundas, terceiras damas
fama de mal pagador, sempre vou ter.
Pelo homem da quitanda, pelo homem do mercado
pelo homem com farda ou sem farda
pelas cartas do SPCS ou SERASA.
Tenho guardado todo e qualquer ganho
Por ter receio da porra da falência!
Pois se sou apaixonado até pela borra café
Meu dinheiro nunca me trará carência.