Pós-moderna
A porta se tornou janela.
E, a entrada se transformou em saída
Eu acreditava na razão.
Mas então me apresentaram
o inconsciente
Não acredito em nada
por mais de duas horas
E nem pressinto a essência
por mais de dois minutos.
Fiz uma lista de sentimentos do dia.
E parei no número seiscentos e trinta e quatro.
Cansei…
Sou múltipla e una ao mesmo tempo.
Sou côncava e convexa.
Sou simplesmente complexa.
Ou complexamente simples.
Há um sincero cinismo embutido.
Queremos exaltar a natureza
Mas não abrimos mão da conexão wi-fi.
Sou livre na jaula pós-moderna.
Há um alto investimento em ser humano.
Na razão explicativa de tudo.
Nas órbitas traçadas e conhecidas.
Ou ao menos pressentidas.
Tudo é inventado.
Tudo é imitado.
E aprendido.
Valor é apenas obsessão cultural
do tempo.
Tudo que queria era uma bússola
sentimental.
E que o poente não fosse a morte.
O diagnóstico de que não haja
a fórmula definitiva.
O mundo é abismo dinâmico.
Entre sombras e luzes.
Entre valores, sentimentos e ventos.
Quero cair no abismo dançando.
Aproveitando um habitat mutante.
Em cores que transcendem a tudo.
E se você ficar parado
Você irá se afogar nessa
imensa angústia
de existir e pensar.
De ser e estar.
Na ausência arbitrária de
fé ou razão.